Quem diria! O Carnaval de Pinheiro, um dos melhores do Maranhão, parece condenado ao declínio. Contrariando as promessas do prefeito Luciano Genésio de fazer deste o melhor de todos os tempos, corre o risco de entrar para o rol dos fracassos retumbantes, marcado pela segregação e trapalhadas.
Embora vá custar aos cofres municipais a bagatela de R$ 1,8 milhões de reais, gastos com atrativos e montagem de estruturas, a festa este ano virou atrativo para quase ninguém.
Pelo menos é o que revelam as imagens da primeira noite no principal circuito, a Praça Sarney, centro da cidade. No tradicional circuito do Pinicão, bairro da Matriz, também não foi diferente. Ignorado pela Administração, o local quase não teve movimento de foliões neste sábado gordo.
A explicação provavelmente está nas trapalhadas protagonizadas pelos organizadores, que vão desde o estímulo à divisão da cidade entre ricos e pobres, passando por suspeitas de favorecimento nas licitações para contratação de bandas e estruturas, até as inovações introduzidas pelos organizadores, como por exemplo, a venda de camarotes, às moscas no primeiro dia da festa por falta de compradores.
Também contribuem a inexperiência dos organizadores para articular parceiros para garantir estrutura para recebimento dos foliões, como por exemplo, na questão segurança, na organização do trânsito e do sistema bancário e na preparação da rede de Saúde para situações emergenciais, problemas esses que se acumulavam desde o pré-carnaval.
O caso mais emblemático, criado com o intuito de produzir novidade, é a opção da administração por privatizar a festa e ganhar dinheiro com ela, isolando o entorno da Praça Sarney para camarotes pagos. Não pegou bem! Caros e distantes da realidade da cidade, causaram polêmica. O povo reagiu e ontem, primeiro dia da festa, os tais encontravam-se vazios, com os organizadores tentando distribuir pulseiras de acesso sem sucesso.
Os cerca de 300 ambulantes, que tradicionalmente trabalhavam na festa, também se viram alijados do local. A participação foi condicionada a uma taxa diária de R$ 100, valor considerado exorbitante pelos vendedores. Os que descumpriram a determinação foram retirados do local de forma violenta.
Já antevendo o fracasso, na última sexta-feira, dia 24, o subsecretário de Cultura, professor Algenir Ferreira, antecipou o pedido de demissão alegando falta de autonomia (reveja aqui).
Outro fator que explica o desempenho do Carnaval de Pinheiro é a concorrência de municípios vizinhos, que investiram em atrativos (diferente de Pinheiro que preferiu o ‘mais do mesmo’) e estrutura, atraindo público excepcional numa festa feita para o povo.
Se o samba continuar atravessado desse jeito, Pinheiro deve se tornar cidade dormitório para foliões que se divertem no carnaval dos vizinhos.
Mas este é apenas o primeiro dia. Se continuar assim, resta esperar que o desfile do Bloco das Patifas (terça-feira gorda), com organização independente da Prefeitura, salve a festa.
Até lá, resta lamentar que a praça, que já foi do povo, hoje se encontra loteada, a serviço dos interesses dos donos dos ‘aviões’.
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