É do líder revolucionário russo Vladmir Lenin, a frase: A política se parece mais com a álgebra que com a aritmética e mais ainda com as matemáticas superiores que com as matemáticas elementares.
A frase serve para entendermos o porquê do governo Michel Temer ser útil para o PT e para as esquerdas em geral, ao menos em tese. Assim.
Há determinadas pautas/agendas que não são do interesse das forças de esquerdas por serem antipáticas aos olhos do povo e que não as animam assumi-las estando na oposição.
Um exemplo muito bom para mostrar o que quero dizer é o Plano Real, implantado no governo Itamar Franco em 1994 e aprofundado no de Fernando Henrique Cardoso.
O plano estabilizou a economia, controlou a inflação e permitiu que criar as bases estruturais para que pudessem ser possível haver investimentos públicos e privados no país.
Ocorre que para obter sucessos nos seus objetivos e fundamentos, o Plano Real foi concebido para favorecer uma série de medidas ulteriores a exemplo do programa de privatizações, criação das agências reguladoras, Lei de Responsabilidade Fiscal, Proer e por aí vai.
Quem acha que Lula, tivesse ganhado a eleição de presidente em 94 daria, prosseguimento ao Plano Real fazendo tudo o que tinha que ser feito para segurar e assegurar a estabilidade econômica? Nunquinha!
Foi preciso oito anos de mandato de FHC para propiciar as condições macroeconômicas que viriam beneficiar a rede de programas sociais implementadas pelo presidente Lula a partir de 2003. Ou seja, coube a FHC fazer a “revolução burguesa” no Brasil e a Lula a “revolução social”, mas ficando ao primeiro toda a responsabilidade pela “agenda anti-popular”.
As reformas e Lava Jato
Tal como na era FHC, agora o PT e aliados tiram proveito do governo Michel Temer em duas questões fundamentais: as reformas e Lava Jato. Vamos lá.
As reformas trabalhista e previdenciária sempre estiveram na pauta dos governos petistas, mas, claro, sucumbiram às pressões das corporações públicas e sindicais. Não se pode esquecer que o PSOL é fruto das agendas reformistas que Lula tentou implantar sem o sucesso que desejava – por causa da reforma previdenciária lulo-dilmista o senador Paulo Paim (PT/RS), um dos mais ácidos críticos da reformas, quase deixou o partido, desistindo da saída depois do acordo com o Palácio do Planalto e cúpula petista.
Nesse sentido, caso Temer consiga avançar nas reformas o PT, e o próprio Lula, poderá ser o principal beneficiado por elas assim como aconteceu na época do Plano Real. Isso, lógico, se Lula for candidato e vencer as eleições em 2018. Michel Temer poderá deixar uma “herança maldita” que, depois de eventualmente eleito presidente, Lula só irá tirar proveito.
Outro benefício direto do governo Temer ao PT e a Lula é a ofensiva contra a Lava Jato, outra coisa que jamais o líder petista teria coragem de enfrentar de frente se estivesse no poder.
Com o PMDB no poder e boa parte dos seus caciques envolvidos até a medula nas maracutaias reveladas pela força-tarefa comandada pela dupla Moro/Dallagnol, percebe-se que o Palácio do Planalto está disposto a enfraquecer a tal “república de Curitiba” e “parar a sangria” (leia-se esvaziar a Lava Jato).
Ora, quem mais adoraria ver os “justiceiros” da força-tarefa enfraquecidos além dos peemedebistas e tucanos? Precisa dizer?
Conclusão
Está mais alvo do que a neve que o PT e a oposição em geral têm interesse na permanência do Michel Temer na presidência. Querem ver o peemedebista sangrando até a morte em 2018, fazendo as reformas que a esquerdas não têm condições ou coragem politicas de fazê-las e de quebra enterrar a Lava jato.
É uma aposta de alto risco, já que Lula pode ser inviabilizado de concorrer ao pleito presidencial pela Justiça e Temer conseguir dar a volta por cima e melar os planos da oposição de voltar o poder.
Por fim, encerro como iniciei: A política se parece mais com a álgebra que com a aritmética e mais ainda com as matemáticas superiores que com as matemáticas elementares.
É isso!
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