SÃO
LUÍS – O funcionário público e produtor cultural Joaquim Zion,
52 anos, tornou-se um dos maiores colecionadores de vinil de São Luís.
Apaixonado pela música e nascido em berço cercado por cultura, ele possui em
seu acervo pessoal mais de cinco mil bolachões, com uma mistura de ritmos que
vai do reggae a música clássica.
Natural
do município de Bequimão, desde pequeno Joaquim aprendeu com seu pai a apreciar
a boa música. Gilberto Gil, Fagner, Milton Nascimento foram alguns dos artistas
que fizeram a trilha sonora de sua infância e juventude. “O meu pai ouvia muita
música, nós acordávamos e ele já estava ouvindo rádio. A gente tinha uma
vitrola e, a partir daí, eu comecei a pegar esses discos e ouvir. Com o tempo,
fui querendo comprar meus discos e, naquela época, passavam ambulantes na rua
vendendo. Meu pai comprava os dele e perguntava se eu queria escolher, também”.
Relembra.
Desde
então, Joaquim começou a comprar e guardar com muito carinho os vinis. Os
primeiros discos que obteve foram de cantores da Música Popular Brasileira
(MPB), como Alceu Valença, Djavan (do qual possui uma coleção completa) e
Belchior, este último que foi muito importante na sua vida. “Eu comprei o
primeiro disco de sucesso do Belchior, Alucinação, que foi fundamental para
mim, pois a partir dele eu me interessei mais por música nacional”, disse.
Entretanto,
as canções não são os únicos atrativos que chamam a atenção dele. Estética,
conteúdo do encarte e detalhes das composições deixam os vinis mais especiais.
Zion
possui uma vasta coleção de disco, contendo reggae, funk americano, soul
music, jazz,
blues, MPB, grandes disco de samba. E, mesmo com o grande acervo, ele continua
comprando. Entretanto, relata que obter os discos não é uma tarefa fácil.
“Em um
determinado momento houve um rompimento disso aqui (venda de vinil) no Brasil,
não houve mais produções de vinil no país. Mas os discos continuaram lá fora,
os cantores continuaram lançando seus vinis no exterior. Por isso eu compro em sites internacionais.
Mas, eu achei um site brasileiro
que, além de vender de outros artistas, produz o produto”, afirma.
Para
ele, a cultura do vinil está bem aquecida no Brasil, e que os artistas atuais
estão em busca de reproduzirem suas canções em bolachões. Com isso, as empresas
estão voltando a investir neste tipo de setor da indústria musical.
“Está
vindo uma nova fábrica para o país. Estão montando em São Paulo, devido à
demanda que o único produtor não está conseguindo atender. Muitos artistas
nacionais estão procurando. No início da era vinil, era mais para cantores
alternativos. Hoje, não. A coisa está tão forte que até os cantores estão
reprensando em bolachões seus álbuns, a exemplo de Chitãozinho e Xororó, que
lançaram o disco novo. Luan Santana, o Naldo lançou recentemente um LP, pois
eles perceberam que existe um nicho e que as pessoas querem esse tipo de
produto”, destaca.
Com a
mudança para era digital, ele acredita que a música ficou banalizada. “A música
digital é muito fria. O vinil é diferente, é mais estético, dá para ver quem
gravou; o compositor da canção. No digital, o máximo que se vê é a capa do
disco. Isso, de certa forma, banalizou a música, ela ficou descartável”,
lamenta.
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