Quem de nós não teve a oportunidade de curtir em sua infância e adolescência, na casa de seus pais, a visita de um amigo (a)? Às vezes curta, demorada, prolongada, algumas até mesmo com a duração de uma semana ou até mais de três?
- "Vim passar uns dias!" Havia sempre novidades, de lá e de cá.
O bem-te-vi avisava e a gente que ficasse atento. Minha avó Indó, (Dona Ventura, mãe de mamãe: Dona Tatá), por ser muito ligada à natureza, não era pega de surpresa. Sabia interpretar, como ninguém, os avisos dos pássaros: bem-te-vi, caburé, coruja, “rolinha fogo-pagô", a suindara ou narceja, conhecida popularmente como “rasga-mortalha” que é prima da curuja, e outras mais que em suas visitas davam e continuam, até hoje, dando os seus recados, alegres ou não.
Estava de viagem marcada para Goiânia, para assistir no dia 28 de junho/08, véspera de São Pedro, ao casamento de Leandro & Ariana, ele meu sobrinho, por afinidade, por sê-lo, consangüíneo de Maria Emília. E, no dia 02 de julho o Fluminense jogaria no Maracanã, Rio de Janeiro, com o Liga Desportiva Universitário (L.D.U.) do Equador, disputando a Taça Libertadores das Américas de 2.008.
Alaôr, meu irmão, já havia providenciado os ingressos. Mas, eu sair do Maranhão neste período de “Festas Juninas”, só por um grande motivo. Se não, não! E só aqui, havia dois (2) grandes motivos.
Tenho certeza de que São Pedro e São João silenciosamente procuram por mim, nos terreiros e arraiais da "Ilha Bela" por onde esteve a se apresentar o boizinho da "Cidade de Pinheiro". Doégnes – o Cantador de Toadas - o fez também e foi com o microfone na mão! Pergunta por mim, à platéia, e solicita que eu suba ao palco para ser abraçado, em nome de todos os conterrâneos que não puderam vir a São Luís. Como isto é gratificante! Só quem é pinheirense, compreende a plenitude deste abraço.
Em Goiânia hospedei-me com a minha filha Shalom. Ela, Ricardo (marido) e Maria Carolina, filha deles e minha neta (3 anos) deram-nos, a mim e a Maria Emília, minha esposa, a hospedagem necessária para a visita de mais de dois dias. Não pude ver, então, meu amigo Tarquínio de Castro Leite, Dona Érica (esposa) e os filhos do casal: Luís Tarquínio, Sandra e Carlos.
Só sabe avaliar o tamanho desta satisfação quem tem família, já foi hóspede e sabe sê-lo, e por isso é, um bom anfitrião.
Havia outro grande motivo para eu ir ao Rio de Janeiro, além de ir para ver três irmãos: (Alaôr, Rosinha e Álvaro) e o Fluminense a disputar a final da Taça Libertadores das Américas? Sim, é que eu prometi, a mim mesmo, levar ao Maracanã, nesta ocasião, A Bandeira da Cidade de Pinheiro. Levei-a, fi-la tremular, a cada gol do Fluminense, desdobrada aos quatro ventos do maior estádio de futebol do mundo: O Maracanã!
Era uma homenagem de reciprocidade: O Fluminense jogava com a equipagem da Seleção de Pinheiro e a bandeira desta cidade, estava lá, em pleno Maracanã, tremulando de gratidão, ajudando-o a ganhar da LDU por 3 a 1. Ganhamos a Taça de Vice, mas não perdemos o jogo!
Recordo pra quem já esqueceu. É que nas décadas de 50 e 60, todo final de ano, Waldemar Mendes, desportista pinheirense, presidente do Renner Futebol Clube (Bairro de Alcântara), recebia pelos correios uma equipagem do Fluminense (camisas, calções, e meiões) enviada pela Diretoria daquele clube, para que a Seleção da Cidade de Pinheiro, jogando com a sua equipagem, fizesse bonito, no Campeonato Intermunicipal de Futebol do Maranhão.
Após cada certame, João de Deus de Libânia, o homem da camisa Nº 5 (Cabeça de Área) da nossa Seleção, reaproveitava a equipagem com os meninos que compunham o time juvenil, liderado por ele, chamado de Fluminense, cujo goleiro era Raimundo Soares – Gerente da Loja Rio Anil, localizada no Salão do Sobrado de Coló Leite, “X” com a Prefeitura.
Caro leitor, você já observou como é grande, em Pinheiro, a torcida do Fluminense? “Só se colhe o que se planta”!
Na vinda do Rio, passei em Goiânia e desta vez consegui visitar o meu amigo e confrade da Academia Pinheirense de Letras, Artes e Ciências – APLAC, Tarquínio de Castro Leite, irmão de Jurandy de Castro Leite, também da APLAC. Ambos, filhos de Chico Leite e Dona Ceci (Cecília). Conversamos uma manhã inteira. Ele me contou a sua vida de estudante, em São Luís, na Escola Técnica Federal do Maranhão. E como encontrou o conterrâneo Almir Silva Soares, na Praça João Lisboa e juntos jogaram uma partida de sinuca, no “Bar do Castro”, bebendo garapa com “pão de massa grossa”, conversaram muito e se foram.
Falou-me do seu time de futebol da Escola Técnica - O São Cristóvão! Também que por perder o bonde, perdera de abraçar a sua mãe, Dona Ceci, que da rampa Campos Melo partia de volta, de barco à vela, para Pinheiro. “O São Borja” já estava “desatracado” e nele, chorava ela e na rampa, chorava ele, ao se olharem e a baterem a mão um para o outro. E segredou-me comovido: “No silêncio do meu coração, eu escutava, à distância, os soluços dela”!
José Agnaldo Pereira Mota
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