quinta-feira, 28 de abril de 2011

AS MEMÓRIAS DE UM VISIONÁRIO.

No final do século XIX e limiar do XX, Pinheiro era, ainda, uma vila pequena com seu comércio pouco desenvolvido, voltado mais para as transações internas. O número de eleitores, distribuídos, por três seções eleitorais, não ultrapassava 400 inscritos. Os investimentos públicos eram precários. O orçamento que vinha sendo elaborado desde a instalação da primeira Câmara de Vereadores, em 1861, não era suficiente nem para cumprir os compromissos com os servidores públicos. O fato de Pinheiro está assentado numa sesmaria de índios, muito dificultou por em prática uma eficiente política de ordem fiscal. Quando essas terras foram integradas ao patrimônio da Câmara, em 1888, e criado, oficialmente, o município, pela Lei N° 02 de 14 de setembro de 1892, foi, então, elaborada uma nova legislação para a administração municipal. O Regimento Interno, o primeiro Código de Posturas e o Orçamento do novo município só foram entrar em vigor, quase dois anos depois, na sessão solene da Câmara Municipal de 1º de julho de 1894, segundo o que dispunha a Artigo 1° das Disposições Transitórias da citada Lei.
Na senda de novas oportunidades que passaram a surgir, despontou um grande comerciante, considerado o mais rico da época, o cidadão Frederico de Sá Peixoto. Com uma visão bastante avançada para o seu tempo, entendia o coronel Frederico que os lucros auferidos, no trabalho empreendido, deveriam ser aplicados, em parte, na região ou no local onde eram gerados.
Imbuído desse elevado espírito de cidadania, iniciou uma transformação na área, que fica em frente ao campo, onde, mais tarde, se instalou a Organização Albino Paiva, Câmara Municipal e por todo o quarteirão limitado pelas atuais Ruas Paulo Ramos, Luís Domingues e Josias Abreu até o antigo prédio da usina elétrica, hoje, sede da Academia Pinheirense de Letras, Artes e Ciências - APLAC, conforme “Cidade de Pinheiro”, 1955.
Todo esse espaço era um pântano com muito mato e lama, principalmente, no período das chuvas. As águas que inundavam o campo, no período invernoso, avançavam até a Rua do Sol atual Rua Luís Domingues.
Buscando recuperar esse setor, o coronel Frederico tomou para si a tarefa de mandar aterrá-la e urbanizá-la. Construiu várias casas residenciais e de comércio. Preparou, no espaço entre as casas e o campo, no local onde mais tarde seria edificada a Casa Veneza, uma bonita avenida, bem arborizada, com canteiros centrais e bancos que recebeu da Câmara o nome de Bulevar Frederico Peixoto e que passou a ser o ponto de encontro das famílias e dos jovens, nas tardes de domingo.
Sua visão futurista o levou mais adiante. Instalou, no local onde se encontra a Organização Albino Paiva, uma grande casa comercial e, ao longo do Bulevar até em frente ao prédio da APLAC, implantou sua indústria com a inauguração da primeira máquina para descaroçamento de algodão e o primeiro motor para pilar arroz. A partir dessa iniciativa, o comércio de Pinheiro passou a experimentar um bom surto de desenvolvimento, atraindo vários outros empreendedores que começaram a chegar e se instalar com seus negócios, na emergente vila de Santo Inácio.Em 1905, já haviam se instalado Doroteu Raimundo Durans, Simões Oliveira & Cia, Custódio Sousa, Felipe Mariano Reis e outros. Em 1908, chegou José Paulo Alvim inaugurando a sua Farmácia da Paz. Em 1912, foi a vez de Albino Paiva que, dentro em pouco, se tornou um grande empresário. No meado de 1914, Alexandre Aboud abriu a Casa Otomana, e outros negócios, no ramo de tecelagem. Agostinho Ramalho Marques, João Bertoldo Ferreira, Abreu& Campos, Francisco da Costa Leite, Adelino Machado, João Moraes e outros que com o seu trabalho ajudaram bastante o desenvolvimento do município formaram com esse grupo, tem início a cegada ou instalação inicia os primeiros comerciantes e empresários que aproveitaram as boas condições ofertadas pela Vila para seus negócios.
Na política, o coronel Frederico militou por algum tempo. Eleito um dos vereadores mais votados, nas eleições de 31 de agosto de 1909, tomou posse juntamente com seus pares, em 1° de janeiro de 2010, para um mandato de três anos. Voltou a ser reeleito, em 1912.
Após a morte da esposa, o coronel Frederico, talvez não resistindo a separação, veio a falecer, em seguida, em 1915. Não deixou filhos, mas legou aos pinheirenses uma herança de força de vontade, desprendimento, cidadania e coragem, além da total dedicação à terra que o acolheu.
Aymoré Alvim
APLAC, IHGM e AMM.

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