A barragem do rio Pericumã foi inaugurada em 1982, pelo extinto Departamento Nacional de Obras contra a Seca (DNOS), com o escopo de represar a água doce, facilitar a navegação de pequenas embarcações, viabilizar a irrigação da agricultura familiar, possibilitar o abastecimento de pescado, garantir o abastecimento de água potável, controlar a vazão da água, prevenir inundações e evitar a penetração da água salgada sobre o curso do rio e dos campos inundáveis.
Ocorre que a estrutura da barragem foi corroída pela oxidação ao longo do tempo, visto que jamais recebeu qualquer reforma ou mesmo manutenção adequada. Os reparos técnicos indispensáveis não podem continuar sendo negligenciados, sob pena de acontecer uma catástrofe ambiental e humana de consequências drásticas. No último dia 11/02, o cabo de uma das comportas se rompeu e alagou os bairros mais baixos de Pinheiro (Campinho, Matriz, Floresta e Dondona Soares), deixando mais de 100 famílias desabrigadas. A natureza mandou avisar que o sinistro poderia ser muito mais desastroso.
Hodiernamente, a administração da barragem é de responsabilidade do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS), mas não existe um funcionário sequer do órgão para realizar a manutenção básica da obra. A situação é tão alarmante que os moradores das redondezas é que fazem o serviço de abrir e fechar as comportas da barragem.
Desde 2014, o Fórum em Defesa da Baixada, a revista Maranhão Hoje e o então vice-prefeito de Pinheiro, César Soares, vêm denunciando, reivindicando intervenções imediatas e alertando as autoridades estaduais e federais para a situação de precariedade em que se encontra a barragem do Rio Pericumã.
Em agosto de 2018, o jornal “Cidade de Pinheiro” publicou a seguinte denúncia: “A situação da comporta do rio Pericumã é desastrosa e pode a qualquer momento acontecer uma tragédia e transformar os campos alagados de Pinheiro e região numa área sem nenhuma utilidade nem para o gado, com muito sal. Em janeiro de 2017, chegou um dinheiro (4 milhões) para a recuperação da barragem do rio Pericumã. Emenda do deputado federal Victor Mendes e que foi para a conta do governo do Maranhão. Por birra, o governador deixou voltar o dinheiro para Brasília. Não fez a reforma e agora corremos o risco de perder a barragem.” Segundo documentação em poder de Victor Mendes, os recursos realmente chegaram a ser empenhados pelo Governo Federal.
Em 2009, a barragem de Algodões (no Piauí), se rompeu provocando uma calamidade que comoveu o País, ceifando vidas, destruindo lavouras e desabrigando centenas de famílias. Os crimes ambientais de Mariana (2015) e Brumadinho (2019) dispensam maiores digressões. Mais uma vez vocalizamos o vaticínio dos baixadeiros: o perigo que ronda a barragem do Pericumã é um risco iminente, inclusive quanto ao aspecto de “tragédia anunciada”.
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